Ao Wilmar Silva de
Andrade
a volúpia volátil com
que escrevo
está à margem de sentidos figurados,
pois etimologicamente corresponde
ao que possui asas e capacidade para voar.
minhas palavras são volúveis,
mas no que se refere à
morfologia botânica.
enrolam-se e crescem por toda a
extensão
corporal e não
descansam enquanto não forem
podadas e transformadas em versos
autorais.
escrevo agora em galhos
de
minha mão direita.
mão que em seus vícios
e manias conheceu
o gozo de se fazer
poesia
antes de explorar os
seios das mulheres,
antes de comunicar-se em libras com os
surdos,
antes de criar animais de
sombra nas paredes,
antes de pensar que o depois já possui mais
anos
do que o antes e já não se recorda mais
da vida sem a presença constante da poesia.
não entendo de
quiromancia,
- arte de ler as mãos em suas três linhas -
mas entendo de poesia, arte de ler o mundo
e registrar em linhas apontamentos sobrenaturais.
e se em seu nome existe o mar
e no brasão de minha
família faixas ondulatórias
são representadas em vermelho e
amarelo,
é compreensível a
construção da ponte pênsil
que vincula nossas poesias em único elo.