7.8.15

PONTE PÊNSIL

Ao Wilmar Silva de Andrade

a volúpia volátil com que escrevo
      está à margem de sentidos figurados,
 pois etimologicamente corresponde
    ao que possui asas e capacidade para voar.

   minhas palavras são volúveis,
mas no que se refere à morfologia botânica.
              enrolam-se e crescem por toda a extensão
corporal e não descansam enquanto não forem
        podadas e transformadas em versos autorais.

escrevo agora em galhos
                  de minha mão direita.

mão que em seus vícios e manias conheceu
o gozo de se fazer poesia
antes de explorar os seios das mulheres,
        antes de comunicar-se em libras com os surdos,
antes de criar animais de sombra nas paredes,
     antes de pensar que o depois já possui mais anos
  do que o antes e já não se recorda mais
          da vida sem a presença constante da poesia.

não entendo de quiromancia,
 - arte de ler as mãos em suas três linhas -
           mas entendo de poesia, arte de ler o mundo
      e registrar em linhas apontamentos sobrenaturais.

     e se em seu nome existe o mar
e no brasão de minha família faixas ondulatórias
              são representadas em vermelho e amarelo,
é compreensível a construção da ponte pênsil
    que vincula nossas poesias em único elo.