23.7.15

ODE AO ARCO TRIUNFAL

Ao Felipe Arco

sendo arco em registro,
não se espera que construa
      com tuas pinceladas
             poemas em linha reta,
   súditos de principados
          isentos de qualquer vileza.

  a retidão - maneira mais rápida
de se alcançar o destino -
             não combina com tuas lutas
em um mundo em asco e desatino.

   lança tuas palavras inflamáveis
por toda a aduela
       que se fecha em chave.
em intradorso exaspera cada sílaba
       como soerguer de flores no asfalto.
em extradorso resguarda a particularidade
   como semente-átomo de cada abraço.

na imposta, sustenta
       o disparar da flecha
- embora não referente à balística -
          cuja importância jamais será maior
do que estar abrigado debaixo da luz.

ser arco em arquitetura
talvez soe estrangeiro - inda que triunfal.
mas ser arco em arte é aqueduto
       transportando verdades em rima.

não há de se envergonhar
de tuas mãos carrascas
se o que executa em praça pública
          é a fome de poesia.